QUARENTA E CINCO CORONÉIS E TENENTES-CORONÉIS EM POSTOS DE COMANDO DA PM ENTREGAM CARGOS

Coronel Gilson Pitta Lopes, novo comandante geral da Policia Militar do Rio de Janeiro, deixa o Palacio Laranjeiras.

Já chega a 45 o número de coronéis e tenentes-coronéis em postos de comando que pediram exoneração por conta do afastamento do coronel Ubiratan Ângelo do cargo de comandante-geral da PM . A posse do novo comandante-geral Gilson Pitta, que estava marcada para a quinta-feira, às 16h, no Quartel General da Polícia Militar, foi antecipada, às pressas, para a tarde desta quarta, por causa da crise na instituição. Nos 200 anos da Polícia Militar, foi a primeira vez que um comandante tomou posse no salão nobre, sem a tropa reunida no pátio. A posse ocorreu a portas fechadas, sem a presença da imprensa. A cerimônia foi acompanhada pelos comandantes de batalhão, entre os quais alguns que pediram exoneração de suas unidades com a saída do coronel Ubiratan Ângelo. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, esteve presente, assim como o coronel Ubiratan. O clima no QG da PM é tenso. Entre os oficiais que pediram exoneração estão o subchefe do Estado-Maior Geral da PM, coronel Jorge Braga; o comandante das unidades operacionais policiais especiais, coronel Dario Cony dos Santos; e o ouvidor Adalberto de Souza Rabello. No 18º BPM (Jacarepaguá), os policiais fizeram, pela manhã, patrulhamento a pé, pois se negaram a sair em carros da polícia sem condições e com coletes à prova de bala vencidos. À tarde, patrulhas eram vistas na região. A Secretaria de Segurança negou que isso tenha ocorrido e disse que os carros do Batalhão estão nas ruas. O grupo dos Coronéis Barbonos se reúne à noite, na sede da Associação dos Militares Estaduais, para decidir quais serão os próximos passos do movimento. Entre as unidades que podem ficar sem comando estão: 1º BPM (Estácio), GPAE / 2º BPM (Botafogo), 5º BPM (Praça da Harmonia), 6º BPM (Tijuca), 8º BPM (Campos), 12º BPM (Niterói), 17º BPM (Ilha do Governador), 18º BPM (Jacarepaguá), 19º BPM (Copacabana), 20º BPM (Mesquita), 25º BPM (Cabo Frio), 29º BPM (Itaperuna), 32º BPM (Macaé), 34º BPM (Magé), 39º BPM (Belford Roxo), EMG, BPVE, 3ª DPJM, Ajudãncia Geral, 4ª DPJM, 1ª DPJM, CFAP 31vol, CMARM, DGF, DAS, DPA, CPAE, 3º CPA, ESPM, APM D. João VI, 4º CPA, GPAE / 12º BPM, Cmdo UopE, ATAE, DGP, GCG, Ouvidoria, GEPE, DGGAL. Cabral: "Meia dúzia que procura confronto" não vai desestabilizar a PM O governador Sérgio Cabral minimizou nesta quarta-feira a crise na Polícia Militar e deu total apoio ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Cabral disse que "essa meia dúzia está procurando confronto, a balbúrdia e a desordem na Polícia Militar" não vai conseguir desestabilizar o comando da PM. O novo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Gilson Pitta Lopes, seguiu a mesma linha de Cabral com relação à ameaça dos oficiais e disse que, caso entreguem os cargos, serão substituídos. Em entrevista ao telejornal RJTV, Pitta lembrou que a Polícia Militar é uma corporação com mais de 39 mil integrantes : - Caso eles realmente entreguem os cargos, isso será avaliado e eles serão substituídos. Tudo dentro da normalidade - disse Pitta, que foi chefe do Serviço Reservado da PM. Toda a cúpula da PM (nove coronéis) foi afastada por Cabral e pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Para eles, a manifestação do chamado Grupo dos Barbonos - oficiais da PM que protestam por melhores salários e condições de trabalho - foi um ato de insubordinação. O novo comandante escolhido, Gilson Pitta, chegou a integrar o grupo de rebeldes. - O coronel Samuel Dionísio não está aqui, mas vamos entregar o cargo para a figura do chefe do Estado-Maior. Então, seja lá quem for ele, estamos entregando os cargos nesta quarta - garantiu um coronel. O secretário de Segurança endureceu nesta quarta o discurso contra o movimento de oficiais da Polícia Militar por melhores salários. Beltrame descartou voltar atrás da decisão de exonerar o coronel Ubiratan. Segundo ele, a forma dos protestos, como a realização de uma passeata no domingo e a publicação de críticas a ele e ao governador na internet não foram apropriadas, principalmente porque muitos dos oficiais ocupavam cargos de confiança. Quanto a ameaça de 40 oficiais de entregar seus cargos caso o coronel Ubiratan não seja reconduzido ao comando, Beltrame afirma que eles serão prontamente substituídos. - Com relação à troca do comando eu não volto atrás porque entendo que durante todo o ano de 2007 essas pessoas tiveram meu apoio, a Polícia Militar tem o meu apoio. A PM tem no secretário uma pessoa que luta por salário, por condições de trabalho. Essas pessoas sabiam do meu compomisso, que negociações estavam sendo feitas. Elas tem que ver que a instituição não precisa só de salário e que essas reivindicações não podem ser feitas com afronta - criticou Beltrame. O secretário afirmou ainda que o esquema de segurança do carnaval não será afetado pela recente mudança no comando da PM. Segundo Beltrame, o Rio terá uma festa tranqüila, pois as mudanças não afetarão o planejamento realizado para o evento: - Teremos um Carnaval muito tranqüilo como é de praxe aqui no Rio - disse.

Fonte: Jornal Tribuna de Ituvevara